O projeto “Vidas Cultivadas”, da Associação de Bem-Estar Amigos de Querença, surgiu da necessidade de desenvolver uma resposta inovadora para atuar sobre a problemática do isolamento social, que se faz sentir na freguesia de Querença, fruto das características do território e da população.

A iniciativa traduz-se na utilização inovadora de uma horta comunitária como ponto de partida para o desenvolvimento pessoal e social, com particular foco no desenvolvimento de relações afetivas de apoio informais. A utilização de uma horta enquanto ferramenta para a promoção de interações e relações sociais, por oposição à exclusiva utilização enquanto atividade económica ou de sustentabilidade alimentar é um fator de inovação. As hortas comunitárias contribuem positivamente para além dos efeitos relacionados com a economia e a nutrição.

Este projeto assenta nos princípios da Agricultura Social, uma prática já disseminada na Europa, em particular na Itália e na Holanda, mas com pouca expressividade em Portugal até aos dias de hoje. O Comité Económico e Social Europeu (CESE) define esta prática como uma “abordagem inovadora baseada na combinação de dois conceitos distintos, a agricultura multifuncional e serviços de assistência social a nível local, para o bem-estar e a inclusão social das pessoas com necessidades especiais”.

Esta prática acrescenta à intervenção um modelo de desenvolvimento territorial, participado e relacional, que reorienta a realidade local para uma lógica de serviço às comunidades de referência, para melhorar as relações de proximidade, através do cultivo de uma horta comunitária e o envolvimento dos idosos residentes em Querença para proporcionar um envelhecimento mais ativo, além de contribuir para o crescimento do capital social do território.